sábado, 21 de abril de 2012

Casos de hepatites virais crescem 82% na Paraíba

 

A hepatite é uma doença grave que pode ser transmitida até pelo mau uso de kits de unha. A doença vem trazendo números alarmantes para o Estado. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), as hepatites A, B e C – mais comuns no Brasil – aumentaram em 82,9% entre 2007 e 2011 na Paraíba. Somente no ano passado, foram registrados 184 casos do tipo B, um dos mais graves, no Estado.
Destes, 113 só em João Pessoa. Para tentar inibir o problema serão construídos ainda esse ano, centros de triagem para a saúde da família, que irão realizar exames preventivos para evitar a evolução do problema.
De acordo com o infectologista Evanízio Roque, a hepatite é uma infecção sistêmica que atinge o fígado, comprometendo seu funcionamento. “A doença possui sete tipos (de A a G), sendo os tipos B e C descobertos somente através de exames de sangue” disse.
Evanízio explica que o diagnóstico precoce é essencial, pois na maioria dos casos a doença surge de forma silenciosa, quando o vírus já está em estágio avançado, “Dependendo do grau de imunidade da pessoa e do estágio da doença, o paciente pode se curar espontaneamente, apenas com repouso e hidratação”, afirmou.
Conforme o infectologista, o fígado é um dos mais importantes órgãos do corpo humano e o seu comprometimento interfere no funcionamento do organismo, entretanto, os portadores de hepatites crônicas podem levar uma vida normal, “Claro que o paciente terá algumas restrições. É necessário que ele conheça suas limitações e adote comportamentos saudáveis, que não venham a agredir o fígado, a exemplo de uma dieta equilibrada, a não ingestão de bebidas alcoólicas e a prática de exercícios físicos”, disse.
Cuidados com kits de manicure são essenciais
Especialistas afirmam que a atenção com os kits de manicures devem ser redobrados, pois o uso dos materiais se configura em fontes de contaminação. Cristiane Silva, proprietária de um salão de beleza, no bairro da Torre, afirmou que 70% das suas clientes trazem o kit de unha de casa, mas mesmo para aquelas que ainda não têm esse cuidado, o estabelecimento dispõe de procedimentos seguros para inibir qualquer tipo de transmissão de doenças, “Lixas, palitos são todos descartáveis, já alicates e outros objetos cortantes são lavados primeiramente com um líquido especializado que combate vírus e bactérias e em seguida esterilizados na estufa”, destacou.
Ainda de acordo com Cristiane, apesar do trabalho preventivo do salão, o ideal é que os kits sejam pessoais, inclusive os esmaltes, “Muitas mulheres acham que as maiores fontes de contaminação são tesouras e alicates, mas até os esmaltes podem ser transmissores de vírus ou micoses. Nós fazemos a nossa parte, no entanto, não podemos garantir 100% de segurança”, explicou.
Rita Vasconcelos, engenheira civil, disse que sempre se preocupou com a higiene do seu material, “Os objetos cortantes eu trago de casa, já os outros como são descartáveis eu uso os do próprio salão”, ressaltou.
Verbas destinadas para o combate a doença
O Ministério da Saúde (MS) repassou no último mês de março R$ 202.504,00, de um total previsto de R$ 607.512,00 para todo o ano de 2012, no combate as hepatites virais no Estado. Segundo Ivoneide Lucena, gerente operacional de DSTs, AIDs e Hepatites Virais da SES, o dinheiro repassado pelo MS será investido na construção de redes e serviços de prevenção integral para saúde da família, que serão instalados em vários municípios, a exemplo de João Pessoa, Campina Grande, Patos e Cajazeiras. “Esses centros irão notificar os casos e realizar triagens nos pacientes”, afirmou.
O processo de triagem consistirá em exames preventivos, que deverão diagnosticar precocemente a presença do vírus. “Quanto mais cedo descoberto, maiores serão as chances de inibir a evolução do problema”, ressaltou Ivoneide. Além da construção dos centros de acompanhamento de hepatites virais, a verba também será destinada para a capacitação de profissionais da saúde.
Sintomas mais comuns e maneiras de prevenção
Em alguns casos, os sintomas mais comuns são cansaço, febre, mal-estar, vômitos, enjoo, tontura, dor abdominal, pele e olhos amarelados e fezes claras. Os médicos alertam que a adoção de medidas preventivas como o uso de preservativos nas relações sexuais, higiene pessoal, a exemplo de lavar as mãos antes das refeições, lavagem correta dos alimentos, cuidado com agulhas e demais objetos cortantes são essenciais para evitar a doença.
Tipos de hepatite e forma de contágio (Box)
Tipo A – Considerado benigno, acontece na maioria dos casos ainda na infância. Não traz risco de morte e sua aquisição é via oral (pela boca), através do consumo de alimentos infectados e água poluída. A falta de higiene nas mãos, antes das refeições também pode ocasioná-la.
Vírus – RNA (que mora no citoplasma da célula). Pode ser completamente removido sem deixar seqüelas.
Tratamento – Repouso e Hidratação
Tipo B (Um dos mais graves) - Não tem cura. Pode ser transmitido através do sexo, objetos de manicures, agulhas de tatuagens e piercing, uso de drogas, compartilhamento de seringas, escovas de dente, produtos de barbear e em transfusões de sangue.  Em casos mais graves pode ocasionar câncer de fígado.
Vírus (DNA) – Que mora no núcleo da célula, não pode ser removido.
Tratamento – Medicação oral Interferon e antivirais
Tipo C - Tem Cura, é transmitido através do sexo, objetos de manicures, agulhas de tatuagens e piercing, uso de drogas, compartilhamento de seringas e em transfusões de sangue. Pode causar cirrose.
Vírus (RNA) – Que mora no citoplasma da célula. Pode ser removido.
Tratamento – Inclui dois tipos de remédio, interferon e ribavirina
Tipo D – Depende da presença do tipo B para se desenvolver. Sua transmissão ocorre da mesma forma que a do tipo B. É mais comum em áreas como a Amazônia.
Tipo E- Transmitida pela água contaminada e via fecal. Seus principais focos estão na Ásia, norte da África e México. Descoberto através de exame de sangue. Na maioria dos casos, a doença não requer tratamento, sendo proibido o consumo de bebidas alcoólicas, recomendado repouso e dieta pobre em gorduras.
Tipo F- Causada por partícula viral detectada em pacientes submetidos a transplante hepático.
Tipo G- A hepatite G foi descoberta recentemente e é provocada pelo vírus VHG, responsável por 0,3% de todas as hepatites virais. As formas de contagio ainda são desconhecidas, mas a doença pode ser transmitida pelo contato sanguíneo.
Vacinas (Box)
O Ministério da Saúde oferece vacinas contra os tipos A e B. A tipo ‘A’ está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) apenas para pessoas com problemas no fígado, com outros tipos de hepatites ou que vão fazer transplante de medula. São duas doses com intervalos de 180 dias.
Já para o tipo B são três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a segunda, e de seis meses entre a primeira e a terceira. Todo jovem até 24 anos pode se imunizar. Não existe vacina para o tipo C.

Do Jornal Correio da Paraíba

Nenhum comentário:

Postar um comentário