
A
hepatite é uma doença grave que pode ser transmitida até pelo mau uso de
kits de unha. A doença vem trazendo números alarmantes para o Estado.
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES), as hepatites A, B e C –
mais comuns no Brasil – aumentaram em 82,9% entre 2007 e 2011 na
Paraíba. Somente no ano passado, foram registrados 184 casos do tipo B,
um dos mais graves, no Estado.
Destes,
113 só em João Pessoa. Para tentar inibir o problema serão construídos
ainda esse ano, centros de triagem para a saúde da família, que irão
realizar exames preventivos para evitar a evolução do problema.
De
acordo com o infectologista Evanízio Roque, a hepatite é uma infecção
sistêmica que atinge o fígado, comprometendo seu funcionamento. “A
doença possui sete tipos (de A a G), sendo os tipos B e C descobertos
somente através de exames de sangue” disse.
Evanízio
explica que o diagnóstico precoce é essencial, pois na maioria dos
casos a doença surge de forma silenciosa, quando o vírus já está em
estágio avançado, “Dependendo do grau de imunidade da pessoa e do
estágio da doença, o paciente pode se curar espontaneamente, apenas com
repouso e hidratação”, afirmou.
Conforme
o infectologista, o fígado é um dos mais importantes órgãos do corpo
humano e o seu comprometimento interfere no funcionamento do organismo,
entretanto, os portadores de hepatites crônicas podem levar uma vida
normal, “Claro que o paciente terá algumas restrições. É necessário que
ele conheça suas limitações e adote comportamentos saudáveis, que não
venham a agredir o fígado, a exemplo de uma dieta equilibrada, a não
ingestão de bebidas alcoólicas e a prática de exercícios físicos”,
disse.
Cuidados com kits de manicure são essenciais
Especialistas
afirmam que a atenção com os kits de manicures devem ser redobrados,
pois o uso dos materiais se configura em fontes de contaminação.
Cristiane Silva, proprietária de um salão de beleza, no bairro da Torre,
afirmou que 70% das suas clientes trazem o kit de unha de casa, mas
mesmo para aquelas que ainda não têm esse cuidado, o estabelecimento
dispõe de procedimentos seguros para inibir qualquer tipo de transmissão
de doenças, “Lixas, palitos são todos descartáveis, já alicates e
outros objetos cortantes são lavados primeiramente com um líquido
especializado que combate vírus e bactérias e em seguida esterilizados
na estufa”, destacou.
Ainda de
acordo com Cristiane, apesar do trabalho preventivo do salão, o ideal é
que os kits sejam pessoais, inclusive os esmaltes, “Muitas mulheres
acham que as maiores fontes de contaminação são tesouras e alicates, mas
até os esmaltes podem ser transmissores de vírus ou micoses. Nós
fazemos a nossa parte, no entanto, não podemos garantir 100% de
segurança”, explicou.
Rita
Vasconcelos, engenheira civil, disse que sempre se preocupou com a
higiene do seu material, “Os objetos cortantes eu trago de casa, já os
outros como são descartáveis eu uso os do próprio salão”, ressaltou.
Verbas destinadas para o combate a doença
O
Ministério da Saúde (MS) repassou no último mês de março R$ 202.504,00,
de um total previsto de R$ 607.512,00 para todo o ano de 2012, no
combate as hepatites virais no Estado. Segundo Ivoneide Lucena, gerente
operacional de DSTs, AIDs e Hepatites Virais da SES, o dinheiro
repassado pelo MS será investido na construção de redes e serviços de
prevenção integral para saúde da família, que serão instalados em vários
municípios, a exemplo de João Pessoa, Campina Grande, Patos e
Cajazeiras. “Esses centros irão notificar os casos e realizar triagens
nos pacientes”, afirmou.
O
processo de triagem consistirá em exames preventivos, que deverão
diagnosticar precocemente a presença do vírus. “Quanto mais cedo
descoberto, maiores serão as chances de inibir a evolução do problema”,
ressaltou Ivoneide. Além da construção dos centros de acompanhamento de
hepatites virais, a verba também será destinada para a capacitação de
profissionais da saúde.
Sintomas mais comuns e maneiras de prevenção
Em
alguns casos, os sintomas mais comuns são cansaço, febre, mal-estar,
vômitos, enjoo, tontura, dor abdominal, pele e olhos amarelados e fezes
claras. Os médicos alertam que a adoção de medidas preventivas como o
uso de preservativos nas relações sexuais, higiene pessoal, a exemplo de
lavar as mãos antes das refeições, lavagem correta dos alimentos,
cuidado com agulhas e demais objetos cortantes são essenciais para
evitar a doença.
Tipos de hepatite e forma de contágio (Box)
Tipo A –
Considerado benigno, acontece na maioria dos casos ainda na infância.
Não traz risco de morte e sua aquisição é via oral (pela boca), através
do consumo de alimentos infectados e água poluída. A falta de higiene
nas mãos, antes das refeições também pode ocasioná-la.
Vírus – RNA (que mora no citoplasma da célula). Pode ser completamente removido sem deixar seqüelas.
Tratamento – Repouso e Hidratação
Tratamento – Repouso e Hidratação
Tipo B (Um dos mais graves)
- Não tem cura. Pode ser transmitido através do sexo, objetos de
manicures, agulhas de tatuagens e piercing, uso de drogas,
compartilhamento de seringas, escovas de dente, produtos de barbear e em
transfusões de sangue. Em casos mais graves pode ocasionar câncer de
fígado.
Vírus (DNA) – Que mora no núcleo da célula, não pode ser removido.
Tratamento – Medicação oral Interferon e antivirais
Vírus (DNA) – Que mora no núcleo da célula, não pode ser removido.
Tratamento – Medicação oral Interferon e antivirais
Tipo C
- Tem Cura, é transmitido através do sexo, objetos de manicures,
agulhas de tatuagens e piercing, uso de drogas, compartilhamento de
seringas e em transfusões de sangue. Pode causar cirrose.
Vírus (RNA) – Que mora no citoplasma da célula. Pode ser removido.
Tratamento – Inclui dois tipos de remédio, interferon e ribavirina
Tratamento – Inclui dois tipos de remédio, interferon e ribavirina
Tipo D –
Depende da presença do tipo B para se desenvolver. Sua transmissão
ocorre da mesma forma que a do tipo B. É mais comum em áreas como a
Amazônia.
Tipo E-
Transmitida pela água contaminada e via fecal. Seus principais focos
estão na Ásia, norte da África e México. Descoberto através de exame de
sangue. Na maioria dos casos, a doença não requer tratamento, sendo
proibido o consumo de bebidas alcoólicas, recomendado repouso e dieta
pobre em gorduras.
Tipo F- Causada por partícula viral detectada em pacientes submetidos a transplante hepático.
Tipo G-
A hepatite G foi descoberta recentemente e é provocada pelo vírus VHG,
responsável por 0,3% de todas as hepatites virais. As formas de contagio
ainda são desconhecidas, mas a doença pode ser transmitida pelo contato
sanguíneo.
Vacinas (Box)
O
Ministério da Saúde oferece vacinas contra os tipos A e B. A tipo ‘A’
está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) apenas para pessoas com
problemas no fígado, com outros tipos de hepatites ou que vão fazer
transplante de medula. São duas doses com intervalos de 180 dias.
Já para o
tipo B são três doses, com intervalo de um mês entre a primeira e a
segunda, e de seis meses entre a primeira e a terceira. Todo jovem até
24 anos pode se imunizar. Não existe vacina para o tipo C.
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