Este é o Juramento de Hipócrates:
“Eu, solenemente, juro consagrar minha vida a serviço da Humanidade. Darei como reconhecimento a meus mestres, meu respeito e minha gratidão. Praticarei a minha profissão com consciência e dignidade. A saúde dos meus pacientes será a minha primeira preocupação. Respeitarei os segredos a mim confiados. Manterei, a todo custo, no máximo possível, a honra e a tradição da profissão médica. Meus colegas serão meus irmãos. Não permitirei que concepções religiosas, nacionais, raciais, partidárias ou sociais intervenham entre meu dever e meus pacientes. Manterei o mais alto respeito pela vida humana, desde sua concepção. Mesmo sob ameaça, não usarei meu conhecimento médico em princípios contrários às leis da natureza.
Faço estas promessas, solene e livremente, pela minha própria honra.”
É através de palavras como honra, respeito e dignidade que um neófito em medicina se compromete a cuidar da saúde das pessoas.
Sinceramente, me preocupa (mas não me surpreende) saber que alguns profissionais ajam como que nunca tenham levado este juramento a sério.
Pudera… A maioria das pessoas que procuram um ofício como o de médico, se apoia em valores que beneficiem exclusivamente a si mesmo.
Quando friso o termo “cuidar da saúde das pessoas” prefiro acreditar que vá além de simplesmente “sanar um problema físico”. Lembro que, em minha infância, eu tinha total confiança no Dr. Pedro Firmino. Ele sabia lidar com crianças: sua “psicologia” unida a doces e bexigas ajudava-o a tratar de pequenos pacientes inquietos, bagunceiros e chorosos. Um exemplo clássico de “Doutor”.
Pois acontece que na noite de terça-feira (7 de fevereiro), levei minha mãe ao Hospital Regional de Patos para que sua pressão fosse aferida. Lá, vi paredes encardidas, ferrugem brotando de metais e muito pacientes amontoados à espera de um médico. Em especial, percebi um senhor sentado com os olhos vendados por uma fralda, acudido por, provavelmente, seu filho.Acontece que, durante minha permanência ali, presenciei a chegada do médico oftalmologista que, a passos largos, proferiu a seguinte frase antes de entrar em uma das salas de atendimento:
“(…)Vai soldar sem a máscara de solda e agora de noite vem me perturbar…(…)”
Evidentemente, ele não notou a minha presença, da minha mãe e de minha companheira. Falou pra si mesmo, envolto em pensamentos que nem chegam a me interessar. Não me convém saber o que ele pensa, mas como age. Logo atrás, vinha o senhor em direção ao consultório, frágil, tímido e cauteloso. Limitado a contar que queimou a retina por ter esquecido de usar a máscara de solda enquanto trabalhava, ouviu do médico a recomendação acompanhada de um inconfundível desdém:
“Ah! O senhor esqueceu, foi? Depois d’uma dessa ainda vai esquecer? Vai esquecer mais não, né?!”
Atônitos, nós (as testemunhas) nos encaminhamos até a porta da sala a fim de ouvir e registrar nos celulares algo mais de todo aquele “show de atendimento”.
Acabou para o senhor anônimo, mas não para mim.
No dia seguinte, registrei minha queixa sobre a cena que presenciei na ouvidoria do hospital. Até agora, não sei como categorizar o fato, pois as denúncias que listo em minha memória são da ordem da omissão ou do maltrato… E este não é o caso. Para as pessoas comuns, não lhes é agradável sentir o peso da insatisfação do médico em atendê-las. O ambiente precário de qualquer hospital público brasileiro já induz um mal-estar a qualquer um que queira curar-se.
Minha assinatura está lá, talvez numa gaveta ou nas mãos do diretor. Mas antes que qualquer coisa (não) seja feita, declaro aqui a minha esperança perdida de ainda encontrar um sistema de saúde pública legítimo que não deixe o povo ser tratado como gado.
João Neto.
O portal Maispatos.com não publicou o nome do médico denunciado já que o denunciante também fez a queixa na ouvidoria do hospital, o qual poderá tomar as medidas cabíveis.MaisPatos.com
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