segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mudanças na Educação estadual afetam 100 escolas em todo o Estado

Hora Exata com Jornal da Paraiba

O reordenamento(fechamento) da Rede Estadual de Ensino da Paraíba está causando preocupação e descontentamento em muitos professores, pais e alunos. A extinção de séries do Fundamental ou do Ensino Médio em determinadas escolas e até o fechamento completo de alguns espaços atinge mais de 100 instituições em todo o Estado, conforme números aproximados repassados pela Secretaria de Estado da Educação (SEE).
Embora nada tenha sido publicado no Diário Oficial, todas as gerências regionais de ensino já possuem os nomes das instituições incluídas no reordenamento e os seus diretores estão sendo informados.
Em Cabedelo, por exemplo, a Escola Imaculada Conceição de Ensino Fundamental, fundada desde de 1954, está de luto. Uma faixa preta na fachada da instituição é o sinal de que ela fechará as portas e terá que transferir pelo menos 226 alunos, que faziam parte do quadro da instituição em 2011.
"Na verdade a gente tinha mais de 600 alunos, mas todo ano a escola enfrentava boatos de que iria fechar e nós perdemos alunado com isso", afirmou a diretora Fátima do Nascimento. Segundo ela, o prédio da escola é alugado e os proprietários falam que os valores não são pagos há mais de um ano. As ameaças de ordem de despejo eram constantes desde 2009.
"Estamos muito tristes com essa notícia. Fomos informados já no final de dezembro", comentou a diretora, ao acrescentar que a instituição tem 40 funcionários, sendo 12 prestadores de serviço - que não têm nenhuma perspectiva de permanecer com o emprego público.
Uma delas é a professora de inglês e de português Hozana Moisés dos Santos, prestadora de serviços na Imaculada Conceição há 13 anos. Faltando apenas um ano para se aposentar por tempo de serviço, ela não sabe o que fazer com o fechamento da escola. "Os prestadores serão todos demitidos. Já fui na Secretaria de Educação e eles disseram, apenas, que meu nome não consta no remanejamento", contou emocionada.
Hozana disse ainda que tem problema no joelho e não pode estar se locomovendo para lugares distantes, por isso terá dificuldade de arrumar outro emprego. Na instituição, o clima ainda é de decepção entre funcionários e pais de alunos. Eles contaram que a instituição recebeu uma série de equipamentos no ano passado (notebooks, data show, ventiladores, televisão, material esportivo) e que tem uma boa infraestrutura, além de ser devidamente autorizada para oferecer as séries do 6º ao 9º ano.
Em João Pessoa, o reordenamento também atinge diversas escolas. Uma delas é a Estadual de Ensino Fundamental General Wanderley, em Jaguaribe, que fechou as portas. O motivo seria o número insuficiente de alunos.
Já na cidade de Patos, no Sertão do Estado, pelos menos quatro instituições não estão mais renovando as matrículas: Dom Fernando Gomes, Normal, Dionízio da Costa(Premem) e a Unidade de Ensino Alexandrino Rodrigues. Segundo um dos representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Paraíba (Sintep-PB), Carlos Belarmino, diretores de escolas de todo o Estado estão ligando, queixando-se da situação.
"Não temos ainda um levantamento, mas já solicitamos uma audiência com o governo do Estado para que eles possam informar quais são os critérios do fechamento e também forneçam a documentação disso. Eles estão informando aos diretores o fechamento 'de boca'. Estão todos preocupados, principalmente os cerca de 10 mil prestadores que sabem que vão perder o emprego", disse Carlos.
Na última semana, conforme Belarmino, o reordenamento foi motivo de protesto da população, em frente à escola Dom José, localizada no Bairro das Indústrias em João Pessoa. "Querem fechar as séries do 6º ao 9º ano, mas a comunidade não concorda.
Os pais colocaram um carro de som e estão receosos que outras escolas não suportem a demanda de alunos que vão sair da Dom José", contou o integrante do Sintep.
CG: vinte unidades sofreram alterações
Na 3ª Região de Ensino, sediada em Campina Grande e responsável por 44 municípios no Estado, as mudanças atingirão cerca de 20 escolas, mas nenhuma irá fechar as portas na zona urbana.
Entre elas estão a Severino Cabral, a Monte Carmelo, a São Sebastião, a Hortêncio Ribeiro (Premêm) e a Escola Murilo Braga - todas em Campina Grande. O fechamento completo só acontecerá em algumas instituições educacionais da zona rural, a exemplo da José Dorotea Dutra, localizada na zona rural, em Lagoa de Dentro. O motivo, conforme a gerência da 3ª Região, seria o baixo número de matrículas: são apenas 50 alunos, conforme informou a gerente da 3º Região, Sandra de Fátima.
Segundo ela, o reordenamento é solução e não um causador de problemas. "As pessoas estão interpretando mal este posicionamento", comentou, acrescentando que a Secretaria de Estado da Educação está oferecendo vagas em locais mais próximos da residência do aluno e nenhum deles ficará sem matricular-se.
Os alunos, no entanto, estão preocupados. O estudante André Toscano Silva, de 14 anos, mora ao lado da Hortêncio Ribeiro, mas com o fechamento da instituição terá que estudar mais longe.
"Meus pais não ficaram satisfeitos por causa da distância", comentou. A mãe dele, Rosângela Toscano, afirmou que todo ano uma turma já vinha sendo eliminada. "Nós vamos fazer o quê, temos que aceitar", lamentou a dona de casa.
A representante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Paraíba (Sintep) na região de Campina, Edna Serafim, afirmou que o sindicato só ficou sabendo do reordenamento através das queixas dos diretores. "Não teve nada formal. No final do mês deveremos nos reunir para decidir como o Sintep vai intervir nessa questão, enquanto entidade representativa da categoria", informou.
Quadro em Cajazeiras
No município de Cajazeiras, no Sertão Paraibano, quatro escolas devem ser atingidas pelo reordenamento. Entre elas estão a tradicional Escola Lica Dantas, com 54 anos de fundação . Conforme a funcionária efetiva e auxiliar de secretaria da escola, Francisca Maria, "está todo mundo desnorteado. Lamentamos muito pelos nossos colegas prestadores de serviço".
Segundo Francisca, os pais também estão reclamando porque irão ter que matricular os filhos em instituições mais distante de casa. "O ano passado a escola entrou no projeto 'Mais Educação' e funcionava em tempo integral.
Tínhamos 95 alunos em 2011, mas as novas matrículas já estavam em bom número. Não esperávamos isso", finalizou a auxiliar.

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